quinta-feira, 29 de julho de 2010

... felicidade?

"É tão difícil falar e dizer coisas que não podem ser ditas.
É tão silencioso.
Como traduzir o silêncio do encontro real entre nós dois?
Dificílimo contar.
Olhei pra você fixamente por instantes.
Tais momentos são meu segredo.
Houve o que se chama de comunhão perfeita.
Eu chamo isto de estado agudo de felicidade."


Clarice Lispector

terça-feira, 27 de julho de 2010

Travessia...

- Vem! Atravessa!
- Como? Tenho medo...
- É só dar um pulo, um só!
- Não tenho coragem... é muito alto!
- Mas você prefere perder o medo ou ficar sozinha?
- Talvez seja mais fácil perder o medo de ficar sozinha do que de pular tão alto.
- Mas ficar sozinha é mais triste, você não acha?
- Não sei. Acho que preciso mais aprender a ficar do que aprender a pular...
- Mas como assim? Por que?
- A solidão, mais cedo ou mais tarde, será a única companhia. Você não vai ficar comigo pra sempre. Então preciso aprender de uma vez a lidar com ela.
- Talvez você tenha razão, mas... não queria que você ficasse.
- Tudo bem, eu me acostumo.
- Posso estender a mão e segurar pra você não cair.
- Pode não funcionar e a gente se perderá pra sempre.
- Mas se você ficar, nos perderemos também.
- Você pode vir me visitar todas as tardes, não vai ser tão triste assim...
- Posso pegar um tronco, fazer uma ponte, vendar teus olhos, segurar tua mão e te atravessar. Você não verá a altura e estarei ao teu lado pra guiar teus passos...
- Por que você quer tanto que eu vá?
- Porque seria impossível viver do lado de lá sem você. Eu não conseguiria...

... e assim compreenderam que isso era o amor...

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Saudade

de mãe. de vó. de irmã. de arco- íris. de casa. de mato. de chuva. de tinta. de festa de criança. de brigadeiro. de pôr- do- sol. de sossego. de areia. de mar. de los hermanos. de mp4. de amigos. de rosa no jardim. de ter um jardim. de ver borboletas azuis. de malabares. de fogueira. de pão de queijo. de café torrado e moído na hora. de leite quente com canela. de sorvete aos domingos. de violino. de orquestra. de maria mole. de confeti e bala de goma. de sanduíche de bairro com alface e ovo. de colo. de nelio (já). de sentir dor. de não sentir dor. de chorar até desidratar. de rir até a barriga doer. de escrever no diário. de ter um diário. de olhar no espelho. de escrever carta. de receber carta. de ler poesia. de fazer rima. de ganhar poesia. de pintar quadro. de não sentir mais saudade.

Escuta

Olha só...
O tempo vai passar, as coisas vão ficar mais claras e o coração mais tranquilo.
E a gente vai entender que às vezes é preciso manter os olhos bem atentos e o coração aberto pra receber os presentes de Deus.
Pois mesmo não seguindo uma religião, eu sei que Ele existe e está aqui agora, neste momento.
Ao meu lado, ao teu...
E eu vou olhar pra você e enfim poderei dizer das coisas que passaram sem sentir dor.
E você vai continuar acreditando no sol mesmo sabendo o quanto prefiro estrelas...
A gente não vai dizer adeus porque isso não existe.
A gente pode se esbarrar na próxima esquina, nessa ou em outra vida qualquer.
A gente vai entender das coisas feitas, das coisas prontas e vai reaprender o valor do combinado: de medir a força com nosso próprio coração e de construir os degraus com as próprias mãos.
E a gente vai se olhar, enfim, e perceber que aquilo que a gente tem de igual, nos aproximou e afastou em tempos diferentes.
E vai dizer que foi um prazer.
Vai dizer que espera rever em breve.
Vai perceber que o amor existiu o tempo todo, mas com intensidades diferentes, sempre sofrendo de desencontro.
E vai entender que essa é a vida e que essas são nossas escolhas.
Você vai pedir um chá gelado e eu vou preferir um chocolate quente.
E vai ver que não estou mais sozinha.
E a gente vai então compreender que amigos também se amam.
E vai sorrir e perder o medo de altura...
E você vai dizer que foi bom ter aprendido a ler Clarice e que Caio F. Abreu foi a melhor herança que te deixei...
Vai multiplicar a certeza de que está tudo bem pra dividí-la em partes iguais entre eu e você...
Vai levar embora sua parte...
Com o carinho de quem, enfim, descobriu um lugar na vida um do outro...

quarta-feira, 21 de julho de 2010

das coisas que a gente não explica

Hoje em dia, as pessoas praticamente não se gostam mais.
Elas deixam o gostar virar qualquer coisa comum, que pode se perder num piscar de olhos.
É assim...
A gente vai vendo a vida passar, vai percebendo as coisas acontecerem bem debaixo do nosso nariz e às vezes não pode fazer simplesmente nada.
E daquelas cores, doçuras e delicadezas sobram só lágrimas de uma dor que parece que nunca vai passar...
Às vezes me pergunto quanto vale cada lágrima.
E ainda não descobri sequer se elas tem algum valor...
E além do mais, como tantas coisas, essa é mais uma que vou ficar sem entender...

"Resistimos, aos trancos, já nem sei se foi escolha ou solavanco.
Difícil arrancar uma certa lucidez disso tudo.
Mas sinto que o coração se depura (é tão antigo falar em coração...) um pouco mais, em cada porrada."
Caio Fernando Abreu
 
[dedico a uma pessoa especial que fez a dor em lágrimas ontem. mas que com muito custo e falatório, conegui transformar em alguns sorrisos]

segunda-feira, 19 de julho de 2010

... porque eu tinha que agradecer...

... confesso que comentários novos aqui, no "As Cores Dela", me deixam um tanto feliz.
É muito bom clicar na aba editar postagens e ver que alguém novo apareceu por aqui, deixando pequenos arco íris pra dar ainda mais tom às minhas cores...
Tenho vontade de agradecer a todos, mas às vezes, os blogs são bloqueados para novos membros ou não consigo vizualizar nenhum email pra responder.
Bom, venho então, por esta postagem, agradecer a todos que passam por aqui.
É bom escrever das coisas que a gente sente.
Mas melhor ainda é perceber que aquilo que nos pertence, pousa na vida de muitas outras pessoas também...
É a certeza que tenho de que nesse mundo, não estamos totalmente sós...
Então, deixo aqui meu muito obrigada...
Cada comentário me dá um sorriso novo. =)

.



...às vezes fica assim... =)

sábado, 17 de julho de 2010

Pedaços de cá...

"Alguém um dia inventou uma máquina de não sentir dor. A invenção era simples, como devem ser as invenções. Uma folha de papel de seda era lançada no ar, dentro de uma sala pintada de branco e hermeticamente fechada. Num dos cantos da sala um ventilador. E pronto.
Enquanto o papel estivesse no ar, a pessoa estaria torcendo por ele. E a dor que sentia ficava momentaneamente esquecida.

Às vezes, saía um suspiro. Às vezes uma lágrima surgia."


A Máquina, do livro Alguns Leões Falam, do autor Anderson Aníbal


... alguém que eu gosto muito me emprestou esse livro dizendo que queria que eu lesse. 
e li tão rápido e gostei tanto que alguns pedacinhos dele vão aparecer por aqui algumas vezes.
para que quem lê o "As Cores Dela" tenha a oportunidade de conhecê- lo também...
obrigada pelo empréstimo Sr. Nelio Souto. =)

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Pensando no que fazer

Enquanto o tempo ia passando, a chuva batia na janela e entrava aos poucos molhando o chão da sala.
Sentada no sofá, a menina olhava com olhos tristes cada gota que conseguia entrar.
Não que estivesse triste por inteiro, mas essa tristeza nos olhos fazia com que tudo em volta entristecesse também...
"A gente costuma dar tanta importância pra tristeza, que até esquece de tudo que é felicidade."
"É que a tristeza vem ligeira, e é por vezes tão forte e envolvente, que toma conta dos nossos olhos. E quando toma conta dos olhos, há apenas de se conformar e esperar passar."

É que tudo na vida passa... e enquanto não passa, a gente vê o tempo enquanto pensa no que fazer.
A menina via o tempo todos os dias...
é que ele costumava passear no quintal dela todas as tardes.
Era só aí que se viam... era só aí que ela conseguia sentir como se o tempo batesse em sua porta sem esperar autorização pra entrar...
Naquela tarde, no entanto, ele não apareceu.
"Deve ser porque choveu", pensava. "A chuva impediu que ele viesse".
"Mas que tem a chuva? É tempo! E não derrete como açúcar e sal."
E assim, ficava sem entender porque por vezes tudo exageradamente se fechava como céu em dia nulado.
Pois tem dias que se colhe flores... e outros que se planta dor.
E da janela dela, aquela chuva poderia lavar qualquer alma!
No entanto, ela preferia só olhar...




terça-feira, 13 de julho de 2010

Compreende?

E continua...
Continua girando sem parar...
Sem dar tempo pra pensar, sem dar tempo pra respirar...
Passa, voa, pousa, repousa... mas não pára!
Muda, transforma, cria, recria... mas não pára.
E ela, que pensou um dia que aquilo tudo seria eterno, se vê hoje presa em duas eternidades.
E como é que pode eternidade ter par?
Sabe lá se pode...
Sabe só que foi.
E mesmo não querendo, ainda é.
E será pra sempre... um par.

domingo, 11 de julho de 2010

Guarda- chuva...


Ando com dificuldade para escrever...
Nem é falta de tempo não. É dificuldade mesmo.
...talvez por falta de inspiração...
Ou talvez porque o amor é mais poético quando é triste.
E ultimamente tenho ficado feliz...
Mesmo com o turbilhão de coisas bagunçando meu caminho e minhas decisões, tenho conseguido sorrir...
Talvez por isso os textos bonitos e que algumas pessoas se identificavam tanto não estão mais aqui.
Porque talvez pela única vez e mesmo que seja só por enquanto, o amor tem me feito feliz.
Tem me salvado da solidão das sextas- feiras...
Tem me tirado do tédio das tardes de sábado...
Tem me dado sorrisos nas manhãs de domingo...
Tem me curado as dores, me secado as lágrimas, me feito acreditar...
E mesmo que amanhã o amor resolva me abandonar (como sempre aconteceu), ele me deixará ao menos as lembranças doces...
com gosto de café e chocolate, com a clareza e simplicidade de desenhos em nuvens, com a segurança e proteção vinda num único abraço, com a mão estendida pra atravessar a rua, com um jeito sem jeito de me fazer rir, com os olhos cheios de orgulho e um coração cheio de carinho...
Sabe, eu acredito nas coisas que podem dar certo.
Assim como sei muito bem que podem errar e machucar demais... (a gente nunca sabe quem são as pessoas ao certo e enfim.)
Mas enquanto tiver tempo e vento, a gente vai caminhado do lado se acertando aos poucos, preenchendo com presente os espaços vazios que o passado abriu...
Porque hoje, não quero mais janelas nem portas fechadas: quero só que meus olhos abertos cuidem do nosso caminho e que meu coração sorridente, cuide dos nossos prazos de validade e não deixe nunca vencer nem estragar...

Ando sem inspiração eu acho...
Devo ter deixado ela de lado...
Pra dar espaço pra encher meu guarda- chuva de coraçõezinhos...

sexta-feira, 9 de julho de 2010

.

"Ele disse: - Eu não vou me esquecer de você.
 Ela disse: - Nem eu."

Caio Fernando Abreu

De coração...

 (...)
- Fica tranquila se puder. O que você precisa agora é ficar em paz.
- Obrigada. Prometo que vou tentar.
- Vai tomar um sorvete quando sair do trabalho! =)
- Vou sim. Andar e pensar um pouco também.
- Promete que vai ficar bem?
- Prometo!
- Volto mais tarde pra falar com você e saber como tudo está.
- Tá bem. Me chama se eu não te ver...
- Pode deixar que chamo sim.Vou tentar te ajudar no que puder, mesmo do lado de cá...
(...)

Obrigada por tudo! Sempre...

sexta-feira, 2 de julho de 2010

No passo do (des) compasso...

E a gente que não via a hora, canta um samba e chora, pedindo pra tudo acabar.
E ele, que andava tão contente, não teve tempo em verso, pra compôr um coração.
E ela, que já não tocava nada, se viu desalinhada, perdendo o passo sem razão.
E o outro, que morava ali do lado, se cansou de ser errado e quis inventar outro tom...
E a vida, que a tanto já desentoava, agora só desmoronava, numa estrofe grande, sem rima nem solução.
E agora, de medo ele clamava volta e ela sem nem revolta, se trancava num descompasso estranho, pedindo pausa pra respirar.
E a canção, dividida em dois por dois, se perdia e desritimava, enquanto o tempo afinava o vento e duplicava a linha pra escrever outra canção...

quinta-feira, 1 de julho de 2010

Assim seja...

...e que essa vontade de sorrir
seja maior que qualquer desejo alheio
de fazer me chorar...