sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Nota ao leitor.

às vezes é assim: tudo enche, tudo cansa, tudo perde um pouco o sentido.
Aí aquelas coisas todas que você tinha planejado um dia, se realizam por metades.
E você se vê perguntando: "por que não por inteiro?" ou "por que isso e não aquilo?".
Não sei se há uma lógica pras coisas, assim como nos problemas matemáticos que sempre tem uma solução.
Hoje a tarde, um amigo veio me dizer que uma amiga dele gostou do As Cores Dela, mas que tem o achado um pouco triste ultimamente.
Eu não soube o que dizer... porque no fundo sei que ela não mentiu.
Então me comprometi em escrever coisas um pouco mais felizes de hoje em diante.
Mas as tristezas sempre estarão por aqui pois elas fazem parte de mim e são inevitáveis.
Talvez esses dias eu esteja cansada mesmo!
Cansada da correría, cansada de algumas pessoas, cansada de esperar sempre por algo que não vem.
Mas eu aprendi a ver coisas boas nos dias...
As manhãs na Teia; os almoços com Ana; as tardes no jornal; o café na padaria com amigos; o tchau do Fidel pelo vidro todas as tardes; a Praça da Liberdade no fim do dia, depois do trabalho com Ana e Nati; as pequenas coisas que são tão necessárias pra me fazer sorrir.
Hoje a noite, e só pra terminar o meu dia de tantas surpresas, duas senhoras sentaram ao meu lado no ponto de ônibus.
Falaram sobre o pai jornalista, sobre a beleza de escrever, sorriram...
E sem que eu falasse de cansaço ou tristeza, uma delas me olhou e disse:
"Está cansada? Ou está triste? Se fôr cansaço, durma bem quando chegar em casa. Se fôr tristeza, espero que passe logo. Mas não fique triste por outras pessoas. Fique triste só por você hoje. E então você vai perceber quantos motivos tem pra ser feliz. E vai sorrir de verdade."
Assim que ela terminou, o ônibus chegou. E eu não esqueci nenhuma palavra que ouvi...
Me despedi num sorriso e arrisquei um 'prazer em conhecer'.
Não sei se voltarei a vê-las em alguma esquina ou outro ponto de ônibus.
Talvez sim, algum dia... quando o coração precisar ouvir novamente certas verdades que fazem olhar pra frente e viver.
Isso não mudou meu cansaço nem meus enganos. Mas como disse o Marcos:
"As vezes é necessário se enganar para tocar a vida
Não dá pra sofrer com tudo que acontece de errado, então fingimos e tocamos o barco, aí chega uma hora que um monte de coisa acumula e brota. Mas é melhor que sofrer sempre".
Me desculpem se As Cores Dela tem andado um pouco triste.
Nos últimos dias acho até que ele ficou meio feliz.
Vai ver... é só questão de tempo.

quinta-feira, 28 de janeiro de 2010

Dobraduras...

... aí ela dobrou o amor inteirinho!
Queria que ele coubesse na palma da mão, pra que então ela assumisse um controle sobre ele também.
Sempre achou que pudesse controlar todas as coisas, todos os sentimentos.
O amor não. O amor ela nunca controlou.
Aí dobrando, dobrando... ele foi despedaçando.
Podia-se encontrar pedaços dele num canto da sala, embaixo da cama, na gaveta do guarda-roupa, no caminho pro trabalho.
Até que ela conseguiu dar uma última dobra.
Dali em diante não pôde fazer mais nada.

A não ser olhar pra pequena dobradura que tinha nas mãos.
E então ela aprendeu que o amor se transforma.
O dela era agora um pássaro.Que ainda não sabia voar.
Mas que era tão bonito!
Que ela sentiu até dó de deixar ir embora.
Guardou o pássaro na palma da mão, apertando com toda força pra não fugir.
Ela não saberia o que fazer se ele fugisse!
Ela preferiu guardá-lo ali.
Ele também não saberia sobreviver longe dela... 

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Juntando os Retalhos

[esse texto foi baseado em uma conversa com a Nati sobre o casamento. quando ela me dizia que queria se casar e eu também disse que estava pensando nisso, mas nos questionavámos se isso iria acontecer. eis que o casamento, ou a junção dos trapos, se tornou o assunto da tarde. E nos rendeu muitos risos...]







A menina pequenina quer se casar.
Nem precisa ter véu, vestido branco ou rosas num buquê.
Basta ter um coração.
E carregar nele dois terços do amor maior do mundo.
Porque o resto dá pra inventar...
A casa nem precisa mais ser lilás.
Pode ser um apartamentozinho, pequenininho, organizado com tudo no lugar.
Um cantinho pra ela esperar o sorriso dele chegar cansado nas tardes de sexta-feira. 
E pra ele ver ela sair cedo com os olhos pequenininhos de quem ainda quer dormir só mais um pouquinho. 

Dá pra comprar um sofá vermelho e colocar na sala. Nem precisa ter TV.
Pras paredes brancas vão os quadros que ela pintar, só pra colorir.
Uma mesa com quatro cadeiras pra receber visitas, geladeira azul, um jogo com chaleira pro café.
Ao menos uma janela tem que ser pra rua, pra dar pra contar estrelas e ver o sol todos os dias.
Aos sábados dormirão até as onze. 
As tardes nunca vão ser planejadas (pra não virar nenhuma rotina qualquer).
E os domingos serão divididos com a família e os pic nics no parque (e só vão se lembrar da segunda quando amanhecer).
Ela quer mesmo se casar... juntar os trapos, as meias, os sonhos.
Achar alguém que seja simples e que cante desafinado a canção que ela mais gostar.
Nem precisa Padre, igreja, nem carro grande com latinhas fazendo barulho pelo caminho.
Só precisa existir. E ser pra sempre enquanto durar.
E que dure...
Dure pra compensar o tanto que ela tem esperado pra ele chegar.
Por mais que às vezes ela ache que ele nem vem.
Pensa que vai se formar, montar seu café, e que ele vai ficar perdido por aí.
É que ela mora num lugar muito longe. E vai até entender se ele não conseguir chegar...
Mas ele precisa pelo menos avisar que está a caminho.
Porque ela sabe que ele existe... em algum lugar.
Porque como dizem por aí, toda panela tem tampa!
E é por isso que ela anda pensando nessas coisas de casar.
Parece que chegou a hora da solidão do coração ter um fim.
E outra! Ela precisa de alguém pra dividir o mundo e os sonhos.
Ela precisa de alguém pra ajudá-la a sorrir vivendo a leveza das coisas simples e o peso das tristezas inevitáveis...
Sem se preocupar.

domingo, 24 de janeiro de 2010

15 rosas...

Esta madrugada voltei a colecionar rosas.
Elas são tão bonitas!
E jogar fora as 14 que já tinha ganhado, seria um tanto injusto e triste.
Ganhei a 15ª rosa esta madrugada...
Talvez essa tenha sido a mais vermelha de todas.
E a que mais me deu alegria em viver.
Não. Eu nem agradeci.
Dizem que não é preciso agradecer rosas com palavras.
A gente agradece com amor que há dentro do coração.
E se fôr assim, meu presente já está mais que agradecido...

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

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"Calma, pra contar nos dedos
Beijo, pra ficar aqui
Teto, para desabar
Você, para construir..."

Ana Cañas, 'Esconderijo'

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Cartas a uma desconhecida...

"(...) Desde agora, cinco da tarde, até a hora em quer for dormir, estarei sozinho, porque disse a todos os meus amigos que estava muito cansado e não queria ver niguém.
A menininha para quem cuidadosamente reservei esse tempo livre nem se deu o trabalho de me avisar que não viria.
Descubro com melancolia que meu egoísmo não é tão grande assim, pois dei ao outro o poder de me magoar.
Menininha, foi com carinho que lhe dei esse poder. É com melancolia que a vejo usá-lo.
Os contos de fadas são assim. Uma manhã, a gente acorda e diz: 'Era só um conto de fadas...' E a gente sorri de si mesma. Mas, no fundo, não estamos sorrindo. Sabemos muito bem que os contos de fadas são a única verdade da vida.(...)"

Trecho do livro "O Amor do Pequeno Príncipe" de Antoine de Saint-Exupéry. Este livro é uma coletânea de cartas escritas pelo autor a uma Francesa que ele conheceu num trem. As originais estão no Museu de Cartas e Manuscritos em Paris, França.

[imagem: retirada do próprio livro]

Violino.



...só para divulgar!
interessados, telefonem! =)

[arte: Camila Sol]

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Vento...



Ventava... e o vento era tão forte que por alguns segundos ela não sentia mais os pés no chão. 
Assustada, chorou.
Sentiu medo do mundo, sem saber pra onde ir ou o que fazer ou o que dizer. 
Aí no meio de tanto vento ela encontrou uma flor. 
Segurou com toda força que tinha, não soltou. 
E ali, na delicadeza daquela flor, ela encontrou força suficiente pra ficar. 
E aprendeu a voar! Mas sempre com os pés no chão...

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Doce.

"Achei você no meu jardim entristecido
Coração partido
Bichinho arredio

Peguei você pra mim
Como a um bandido
Cheio de vícios
E fiz assim, fiz assim:

Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei

Fiz tudo, todo o meu destino
Eu dividi, ensinei de pouquinho
Gostar de si, ter esperança e persistência sempre

A minha herança pra você é uma flor
Um sino,uma canção,um sonho
Nenhuma arma ou uma pedra eu deixarei

A minha herança pra você é o amor
Capaz de fazê-lo tranqüilo, pleno
Reconhecendo no mundo o que há em si

E hoje nos lembramos sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza
Estava juntando você e eu

Achei você no meu jardim"




sábado, 16 de janeiro de 2010

Chá das cinco...

- não obrigada. Não gosto muito de chá.
- mas por que? Chá tem tanta cara de verão!
- ah... deve ser por isso então.
- por isso o quê? O verão?
- é. também não gosto muito de verão. Prefiro outono ou inverno...
- Toma um capuccino comigo no inverno?
- Sim! Será um prazer! Mas... posso escolher o dia?
- Claro! O dia que você quiser.
- Ligo pra você no dia que fizer mais frio, bem cedo. Daí você se prepara com calma até as cinco e não precisará correr.
- E que mal tem se eu quase me atrasar e correr?
- Você vai esquentar mais rápido. E estragar o prazer de tomar um capuccino num dia frio.
- E essas razões que você sempre tem...
- Nem é razão. É coração. Tenho um coração no lugar da razão também. Por isso sou tão tonta!
Risos.
- Quer dizer então que agora só te vejo no inverno?
- Não! Aceito suco de goiaba durante todo o verão, se tiver. E no outono, que já está pra chegar, aceito um passeio no Parque todas as tardes de domingo. Pode levar chocolates também se quiser! Pra adoçar...
- Obrigada por trazer leveza aos meus dias.
- Não! Nem tem o que agradecer. Por favor!
- Me esqueci. Desculpe...
- Tem uma sorveteria ali na esquina. Me leva?
- Sim! Agora?
- É. Pra quê esperar pra depois?
- Espera eu pagar meu chá?
- Sim. Mas não demore! Afinal... foi só um chá.


.



"Pertencia àquela espécie de gente que mergulha nas coisas às vezes sem saber por que, não sei se na esperança de decifrá-las ou apenas pelo prazer de mergulhar..."


Caio Fernando Abreu

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carta

"Aquilo que está escrito no coração não necessita de agendas porque a gente não esquece. 
O que a memória ama fica eterno." 
Rubem Alves

... de um dia 14. Por alguma coisa que está se perdendo dela...



É bom que fique claro que teu nome está gravado aqui por dentro, no coração.
Escrito com tinta para placas de vende-se... dessas, que não desbotam nem apagam com o tempo. 
(O que signfica que vou levar você comigo pra sempre, até o fim do meu caminho.)
Sabe... ontem fiquei um pouco triste depois da nossa conversa (se é que posso chamá-la assim).
Pela primeira vez depois de muito tempo, fiquei sem ânimo pra conversar.
Não soube o que te dizer nem muito menos o que perguntar.
Justo eu! Sempre tão curiosa e tão atenciosa!
Por isso fui dormir, mesmo com tanto calor... 
Pra não ter que lhe dizer que não queria conversar nem ter que lhe explicar que era porque eu não tinha mais nada pra dizer.
Demorei a dormir... fiquei pensando.
Será que você mudou muito? Ou foi algo aqui dentro que mudou?
Ficou difícil pra mim reconhecer-te desde sua última viagem. Você voltou tão grande!
E eu? Eu fiquei aqui...vendo as coisas passarem, acontecerem, esperando você voltar.
Dói, eu sei. Perceber que as pessoas que amamos não são mais as pessoas que amávamos.
Um dia você vai me entender...
Vai se apaixonar também e perceber que essas coisas a gente não explica quando acontece e nem porquê aconteceu.
Vou gostar de você pra sempre.
Mas não esse você que existe agora e sim o que existe dentro de mim, num cantinho que separei.
Aquele que dizia palavras doces e que me fazia ficar acordada noite ou outra, pelo prazer de conversar.
Aquele que me fazia rir quando ficava tudo meio triste e me ajudava a caminhar quando estava nublado ou escuro demais.
Aquele que eu criei... e que vai ver nunca existiu.
Peço que não se zangue com a minha falta de jeito ontem.
E se quiser conversar, pode chamar! Que irei ouvir...
As coisas estão morrendo, enfim. Foi você quem escolheu assim.
Vou deixar as portas abertas caso queira me visitar ou saber como tudo está.
E caso faça frio e eu resolva fechar a porta pra parar de entrar vento, vou deixar sempre uma frestinha aberta, na janela do cômodo que tiver mais luz.
Não me avise se resolver vir.
Faça uma surpresa e pode até trazer rosas se quiser.
Não vou ficar esperando... acho mesmo que você não vem.
Não telefone, nem sequer mande notícias.
Por um tempo, por favor. Até eu me acostumar...
Talvez esta seja a última coisa que lhe escrevo nos próximos dias...
Mas vou voltar a lhe escrever quando tudo estiver bem e eu voltar a ter coisas pra contar.
Por enquanto vou mesmo embora. Assim, sem me despedir.
As coisas podem ser mais bonitas assim...









quinta-feira, 14 de janeiro de 2010

'Tristesse'

[...porque eu gostei. e por pouco não chorei...]


"Como você pode pedir prá eu falar do nosso amor
Que foi tão forte e ainda é, mas cada um se foi
Quanta saudade brilha em mim
Se cada sonho é seu
Virou história em sua vida mas prá mim não morreu
Lembra, lembra, lembra, cada instante que passou
De cada perigo, da audácia do temor
Que sobrevivemos, que cobrimos de emoção
Volta a pensar então
Sinto, penso, espero, fico tenso toda vez
Que nos encontramos, nos olhamos sem viver
Pára de fingir que não sou parte do seu mundo
Volta a pensar então"

Milton Nascimento

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Re-começo



"Que comece agora. E que seja permanente essa vontade de ir além daquilo que me espera. E que eu espero também. Uma vontade de ser. Àquela, que nasceu comigo e que me arrasta até a borda pra ver as flores que deixei de rastro pelo caminho. Que me dê cadência das atitudes na hora de agir. Que eu saiba puxar lá do fundo do baú, o jeito de sorrir pros nãos da vida. Que as perdas sejam medidas em milímetros e que todo ganho não possa ser medido por fita métrica nem contado em reais. Que minha bolsa esteja cheia de papéis coloridos e desenhados à giz de cera pelo anjo que mora comigo. Que as relações criadas sejam honestamente mantidas e seladas com abraços longos. Que eu possa também abrir espaço pra cultivar a todo instante as sementes do bem e da felicidade de quem não importa quem seja ou do mal que tenha feito para mim. Que a vida me ensine a amar cada vez mais, de um jeito mais leve. Que o respeito comigo mesma seja sempre obedecido com a paz de quem está se encontrando e se conhecendo com um coração maior. Um encontro com a vontade de paz e o desejo de viver."

Caio Fernando Abreu

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Quando chega a hora de saltar...

- O que aconteceu?
- Nada. Não é nada...
- E esses olhos pequenos como de quem andou chorando sem dormir?
- Ah... esses olhos são meus.
- E por que são seus?
- Porque ele não vem.
- Ele disse que não vem?
- Sim. Disse ontem a noite com a pior das desculpas que já me deu até hoje.
- E qual foi? Quer me contar?
- Ele tem planos prum tempo futuro. Precisa economizar.
- Mas você não disse a ele que o futuro pode nem chegar?
- Não. Só lhe desejei sorte e felicidade. Estava cansada demais pra dizer qualquer outra coisa.
- E ele? O que disse?
- Não sei. Não esperei ele voltar. Ia demorar e eu precisava dormir.
- Então você conseguiu dormir?
- Não. Só chorei. Não consegui parar de chorar.
- Devia ter esperado ele voltar pra lhe dizer as coisas daí de dentro.
- Não há mais nada aqui dentro que ele precise saber. Só quero que ele se cuide e fique bem.
- Ele vai ficar.
- Sim, eu sei. E isso me deixa um pouco melhor.
- E você? Você também tem que ficar bem!
- Vou ficar, não se preocupe. Não sei muito bem quanto tempo isso vai levar mas eu vou ficar.
- Dói ver você assim, tão triste.
- Bobagem! Não sinta essa dor. Também vou me cuidar. Sabe... entendi que o tempo dá jeito em tudo! Tenho coisas pra fazer, pra resolver e assim como ele, tenho também meus planos que só vão poder ser, se a gente não se encontrar. Vou cuidar disso. Cuidar dos meus dias, cuidar do meu coração.
- Isso que você disse está muito certo! Mas não deixa de ser triste.
- Ah, já me acostumei a viver minhas alegrias tristes. Tinha até me esquecido delas e ultimamente andava que era só tristeza. Agora vai passar.
- Tenho medo dessa força que você aparenta ter... e desse machucado aí no seu coração. Ele não pára de crescer.
- A força, descubro a cada dia que passa que realmente tenho! E o machucado... bom. Vai cicatrizar.
- Me promete que vai se cuidar?
- Prometo.
- Que vai comer e parar de chorar?
- Sim.
- Promete que não vai ficar tão amargurada a ponto de não deixar ninguém mais entrar?
- Prometer? Ah... isso não prometo não. Me desculpe, mas não posso prometer algo que por enquanto, sei que não vou poder cumprir...


sábado, 9 de janeiro de 2010

Maria Flor...

Pelo que se perdeu...



... não se preocupe!
não é saudade nem falta de você.
Acho que é um chão debaixo dos meus pés.
E eles tem gostado tanto desse chão, que desaprendi a voar.
Já faz tempo que não voo pra visitar você em sua janela.
Faz tempo que não ouço a música que saía de lá.
Mas torno a dizer e pedir que não se preocupe.
Vou ficar bem!
Prometo a você ou a quem mais a minha bondade interessar.
É tudo uma questão de tempo.
Questão das coisas se ajeitarem em seus lugares...
E é assim que vai acabar.
Não estou triste! Ando sorrindo outra vez.
Estou meio sem pic pra algumas coisas e sem muita vontade pra outras, mas temho tantas coisas boas acontecendo também ao mesmo tempo.
Doer não dói mais. Estranho...
Tenho um vazio, uma solidão incompleta e ainda algumas lágrimas se preparando pra cair.
Mas por favor, não quero preocupar você!
Deviam ter me ensinado que amar requere prática e olhos abertos.
Deviam ter me ensinado que desamar é mais difícil.
Aí eu teria pensado dez mil vezes antes...
E não teria aberto as portas pra você.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A Descoberta do Mundo...

... Hoje foi, teoricamente, meu último dia de trabalho na produtora Teia. Próxima segunda-feira lá vou eu começar meu estágio no jornal-laboratório da faculdade a tarde e continuar temporariamente na Teia durante as manhãs. Hoje me lembrei da minha primeira semana por lá enquanto lia a tarde um conto do livro 'Tudo é Eventual' de Stephen King.. Lembrei da tarde em que sentada no mesmo lugar eu também lia, mas era Clarice e 'A Descoberta do Mundo' quando Clarissa chegou sorrindo e disse "Nossa! É ótimo esse livro" e eu lá, sempre meio sem jeito com as pessoas concordei e também sorri (e provavelmente fiquei vermelha. rs). E pra minha surpresa, algumas horas depois dessa lembrança eis um presente: Clarissa e 'A Descoberta do Mundo' de Clarice, só pra mim com um "Obrigada pelo trabalho! Seja sempre bem-vinda por aqui.".
Nunca gostei muito de mudanças. Sempre tive um medo exagerado delas mas sei o quanto são necessárias: a gente aprende a crescer com elas.
Vou sentir falta do trabalho, das pessoas, dos erros que me ensinaram a acertar. E 'A Descoberta do Mundo' não me fez sorrir só pelas palavras de Clarice, mas também pelo carinho que descobri das pessoas por mim. Não me senti importante demais ou qualquer coisa assim. Apenas entendi que mais uma etapa havia sido cumprida com o alívio do trabalho bem feito. Entendi que aquelas pessoas fariam falta pra mim! E que eu também faria pra elas e isso de certa forma me deixou feliz...
Acho que só hoje comecei a viver as coisas novas do novo ano. Só hoje me senti preparada para escrever as minhas metas para 2010 que no entanto, não escreverei.
Organizei alguns papéis, deixei o vento soprar sem me queixar, vi o céu e ele estava tão azul quanto a tinta pra tecidos que comprei pra pintar minhas telas.
Estou feliz. Uma felicidade gratuita, que não me exige nenhum esforço além da leveza de sorrir.
As coisas mudaram e vão continuar mudando. Não dá pra evitar. Enquanto isso vou levando comigo tudo que der, tudo que couber na mala pequena pois o caminho é longo e não quero me cansar rápido com tanto peso pra carregar. Algumas fotos, algumas pessoas, algumas lembranças... já recolhi tudo que me faz bem e guardei num cantinho tudo que me fez mal que é pra não perder o equilíbrio.
A tristeza? Continua aqui e acho que nunca vai passar já que não confio em quem é feliz o tempo todo. Tenho motivos pra ser feliz e também pra ficar triste. Mas hoje, nesse meu primeiro dia oficial de novo ano, a felicidade resolveu vencer. Já era sem tempo! Ainda há tempo... as estrelas do céu desceram e se misturaram resultando no som de violino das canções... Só pra me dizer que tudo ficará bem. E só me resta acreditar...

"Não entendo. Isso é tão vasto que ultrapassa qualquer entender.
Entender é sempre limitado. Mas não entender pode não ter fronteiras.
Sinto que sou muito mais completa quando não entendo.
 Não entender, do modo como falo, é um dom.
Não entender, mas não como um simples de espírito. O bom é ser inteligente e não entender.
É uma benção estranha, como ter loucura sem ser doida. É um desinteresse manso, é uma doçura de burrice. Só que de vez enquando vem a inquietação: quero entender um pouco. Não demais: mas pelo menos entender que não entendo."
Clarice Lispector em 'A Descoberta do Mundo'

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Até sumir...


Aí ela separou a canção mais bonita e guardou numa caixa junto a todas as boas lembranças.
Pensou até em enviá-la por sedex, mas logo desistiu.
Fechou a caixa.
Trancou com cadeado para que tudo não saísse de lá.
Cansou de viver de sonhos impossíveis.
Aí nem tinha sol pra colocar óculos escuros pra esconder...
Nem tinha chuva pra misturar e disfarçar.
Então ela engoliu lágrima por lágrima, até sentir o coração apertar.
Dor já nem sentia mais.
Anestesiou. Parou...


"- Não chore! Moça bonita não deve ser triste assim!
 - É tristeza não Meu Senhor. É a música..."


"If I could be so cruel to confess:
That if you built this to look just like you
Then here's the irony
No one will know
If it's tomorrow or today that you go"

'If It Is Growing' in Fanfarlo

 [a foto lá em cima é do filme 'O Fabuloso Destino de Amélie Poulain]

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Cometas...



"(...)Just let the comets lead the way
Apenas deixe os cometas mostrarem o caminho
We’ll tear it down
Nós lacremejaremos isto
We’ll hold the truth by the neck
Nós esconderemos a verdade com o pescoço
Kick in the d rs and burn the books
Chutemos as portas e queimemos os livros
Try to forget
Para tentar esquecer (...)"

'Comets' Fanfarlo






... descobri essa banda graças ao meu amigo Marcos.
E ela se tornou um vício bom, minha melhor companhia pelo caminho.

O violino, as vozes, o piano, tudo se mistura tão levemente trazendo as melhores sensações possíveis e impossíveis. 
E como Marcos disse:
'Se existe a perfeição eles chegaram bem próximo dela'

.............

[tradução do trecho de 'Comets' por Marcos Medeiros  ;)]

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Vento...

- Hoje devo chegar tarde em casa.
- Vai pra onde, posso saber?
- Pode sim! Ainda não sei pra onde vou...
- Como assim, não sabe?
- É, não sei. Sei só que quero andar um pouco e pensar na vida. Estou me sentindo muito presa aqui.
- Presa como?
- Ah, presa! Não sei como explicar. As coisas incomodam, as pessoas me cansam, as horas não passam. Acho que estou ficando velha...
- Não acho que você está ficando velha, mas que está aprendendo a crescer...
- Eu não sabia que crescer doía.
- Crescer não dói. O que dói é perceber que tudo aquilo que se tinha antes de crescer, some que nem fumaça!
- E é aí que fico sem saber pra onde devo ir...
- A gente não deve ir pra lugar algum. Deixe que o vento leve você!
- E se ele errar o caminho?
- Erga a cabeça, vá em frente, construa de novo, mude sempre que precisar mudar... sem muito medo, sem se importar...
- Acho que quero ser criança de novo. Criança é assim, vive sem se preocupar...
- Mas está aí uma coisa que o vento não consegue fazer...
- O quê?
- O vento não consegue fazer o tempo voltar. Por isso você tem de aprender a viver! Sem perder sua doçura e delicadeza, sem se perder do seu coração...
- Entendi. Vou dar uma volta, quer vir?
- Não, está muito quente lá fora e vai dar até choque com o frio aqui de dentro.
- Mas aqui também está quente! Não entendi...
- Vai ser bom você ir lá fora, ver as pssoas vivendo suas vidas. 
- Ainda não entendi de onde vem o frio...
- O frio está dentro. Dentro da minha parte de você...

.

"Que aconteça alguma coisa bem bonita para você"
Caio Fernando Abreu



... é o que realmente desejo.
de coração aberto...

domingo, 3 de janeiro de 2010

A manhã...

Aí ela vestiu seu melhor sorriso e saiu por aí colorindo os dias de azul.
Estava sem graça demais pra estar feliz.
Mas o dia estava azul demais pra se ficar triste.
Aí se o sorriso pintou tudo de azul, ela resolveu ver o que iria acontecer se ela começasse a chorar.
E então cada lágrima virou um cristalzinho refletindo as cores do arco-íris.
Sim! Ela estava pronta pra viver, embora ainda tivesse medo do mundo.
Ela não voltou pra buscar as malas.
Vai esperar que ele resolva trazê-las...
Porque se ele não vier, ela não vai precisar mais de nada que está lá dentro.
Tudo que ela precisa está agora dentro dela e nas ruas azuis que ela pintou refletindo cristaizinhos multicor.
E mesmo cansada de sonhar tanto, vai continuar aqui...
Onde as manhãs deixarão de ser sempre uma rotina e as noites ainda continuarão refletindo o amor que ela ousa dizer que sentiu, sente ou ainda sentirá...