domingo, 21 de fevereiro de 2016

.uma carta para Ana.

eu nunca tinha visto o sol nascer, até a gente precisar entrar naquele ônibus às cinco da manhã de uma sexta-feira, para começar uma saga que poderia nos trazer a melhor ou a pior notícia dos nossos dias. como tudo na vida, não tínhamos, ainda, certeza de nada. só medo de que não desse certo dessa vez, como sempre deu, e tivéssemos que iniciar uma corrida maluca contra o tempo e as nossas vontades... graças a Deus ficou tudo bem outra vez. e aquele se tornou o nascer de sol mais bonito da minha vida.

já passamos por muitas coisas juntas e isso me alegra. teve o mar, teve o Cirque, teve dia de feira, teve passeio no shopping, teve o show do Roberto e os olhinhos brilhando como nunca vi. do mesmo jeito que teve trabalho de segunda a segunda para que não faltasse nada em casa. do mesmo jeito que teve choro tarde da noite, silencioso, mas que a gente (e só a gente) sabe porque existiu. do mesmo jeito que surgiram sacrifícios inimagináveis para que eu caminhasse entre tantos cacos sem me ferir.

em tempos como os de hoje, em que a gente vai se esquecendo de amar um pouquinho a cada dia, eu me sinto feliz por andar na direção contrária e poder dizer que eu aprendo o amor do seu jeito mais puro... a cada abraço que a gente divide, a cada ligação que a gente termina, a cada sorriso que a gente compartilha, a cada força que a gente se dá, a cada crença que a gente se dedica, a cada conselho que a gente se escuta. 

é que eu não espero muito da vida, sabe? mas eu sinto que ela fica completa quando seus olhos cor de abacate olham cá dentro dos meus e acreditam em cada passo que eu dou, mesmo sem enxergar muito bem qual a direção nem a importância do caminho. é que as rosas no meu braço desenham as roseiras do nosso jardim, só pra que até assim a gente fique mais perto: a senhora com as flores com perfume e eu, com as flores de tinta que parecem ter saído das suas mãos e coladas em mim.

sabe, mãe. a gente não sabe até onde essa vida vai dar, nem se vai ser mais fácil um dia, nem se a gente vai aguentar isso tudo por tanto tempo. mas uma coisa eu sei: enquanto a gente seguir juntas por aí, não vai ter imensidão que vença nosso coração. só vai ter amor. e é pra sempre.

com carinho,




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