terça-feira, 11 de agosto de 2015

.experimentando (ou uma primeira crônica sobre aviões).

minha prima chegou de viagem no último fim de semana. estava naqueles intercâmbios, financiados para estudos, que não existiam na minha época de faculdade. chegou me trazendo uma porção de presentes: uma polaroid; um livro do Pequeno Príncipe original, em francês; algumas histórias; o sorriso da nossa avó; o sossego da família, que se reuniu quase toda para recebe-la, em festa.

mais do que as coisas físicas, que podemos ver, pegar, usar, ela trouxe alguns sorrisos de volta e o fim de uma parte das minhas saudades. no aeroporto, enquanto esperava por sua chegada, senti aos poucos que a vida voltava ao normal, lenta, mas decidida a continuar nos trilhos. ao menos por enquanto.

sempre gostei de aviões. desde criança. na cidade de minha mãe, onde cresci, passava um sempre no mesmo horário, às vezes até bem baixinho, com aquele barulho me chamando até a janela. só fui ver um avião de pertinho quando me mudei pra capital. com dois aeroportos, vi o primeiro voo (em todo aquele processo de impulso, distância e, por fim, ganhando leveza no céu) de longe, encantador. só fui voar com meus 23 anos, em uma viagem pela faculdade. tive medo. mais pelo tamanho do avião do que pelo voo em si.

lá de cima, quando vi as nuvens e aquele céu tão azul, esqueci que a vida carrega tantas impossibilidades.

voar entrava, então, para minha coleção de boas lembranças e coisas favoritas.

voei outras poucas vezes, menos até do que gostaria. com o tempo, perdi o medo de fazer tudo sozinha, do check in ao desembarque. entendi que, pra mim, voar era um exercício de superação, até ficar mais de 10h em um voo de BH à Lisboa e mais umas 3h de Lisboa à Roma... ali, percebi que eu poderia ir a qualquer lugar, mesmo que a solidão continuasse me escolhendo como companhia.

aeroportos me dão a sensação de que a gente pode recomeçar sempre. em outro lugar. como se a gente pudesse escolher o próprio destino e ser feliz fosse só um detalhe pequeno, desses que quase nem importam tanto, principalmente quando a gente carrega na mala uma porção de sonhos que só precisam de coragem para serem realidade.

ainda tenho medo de avião. quase o mesmo medo de navios e estátuas muito grandes. engraçado e justificável, se pensar pelo lado de que grandiosidades me assustam... mas não é sobre medos que vim falar aqui. e sim sobre a esperança em aeroportos e aviões. esperança essa que despertou meu coração no fim de semana e me fez compreender que o mundo é pequeno por demais, pra que a gente não realize nosso próprio coração...

pra onde você quer voar?


"Todos os Lugares", Versos que Compomos na Estrada

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*esse texto é um exercício. é a primeira crônica que posto aqui. gosto dessa coisa de dizer da vida, do cotidiano, das coisas reais... espero que elas se tornem mais frequentes por aqui. elas fazem parte das minhas escolhas... =)

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