sábado, 11 de agosto de 2012

. (des) memória .

e então comecei a pensar o que seria da vida quando ela fosse embora. nunca tive tanto medo de perder alguém, porque, como costumo dizer, quem perde pai ou mãe tão de repente um dia, supera qualquer baque da vida com uma coragem tão sutil que corre o risco de ser confundida com frieza. mas ela não... com ela era diferente. nunca duvidei que a amava e acho que ela também sempre me amou. do jeito dela. silenciosa como mãe e como acabei aprendendo a ser.

semana passada eu sabia que não estava nada bem. saiu da cozinha, sentou no sofá da sala e desatou um choro que me partiu o coração... tentei acalmar a tristeza dela ouvindo os motivos e dando a desculpa de que tempo faz isso mesmo, "logo logo vai passar". melhor que ninguém, ela sabia que não era bem assim e que, daqui pra frente, tudo seria sintoma da idade que ela escondia semanalmente por trás da tinta-cor-castanho-escuro que lhe tampava os milhares de fios brancos... 

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eu senti muito medo quando o telefone tocou às 10 da noite e vou continuar sentindo se ele tocar às 2 da manhã, ao meio-dia ou a hora que for. porque, de tanto pensar, eu descobri que a vida sem ela seria assustadora. seria como romper milhares de laços que me ligam a uma porção de coisas importantes, mas que nunca me preocuparam porque estavam sempre seguras nas mãos dela. seria como arrancar um pedaço do meu coração, que já anda meio retalhado tamanhas as desavenças da vida, mas que, como ela mesma me disse da última vez, 'são todas passageiras'. seria como ter que reaprender: a acordar, a comer, a sorrir, a amar, a viver...


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