sábado, 20 de agosto de 2011

Do livro de cartas...

... para um amigo desconhecido.

Te escrevo então, pra contar que tá tudo bem sim, obrigada. Tem feito um céu azul de dar gosto, diferente das tardes cinzentas daí. 
A vida? Tem me ensinado a cada dia, uma lição nova, uma maneira de suportar de cabeça erguida, as realidades quase imcompreensíveis desse mundo. Lembrei hoje, quando a tarde ia chegando, do dia em que você disse que eu ainda ia me doer muito, até encontrar meu caminho... tem doído sim, de verdade. E engraçado é que a gente sempre acha que não vai suportar, mas aí chora algumas mágoas em silêncio e logo depois, reaprende a sorrir. 
O que me consola é que vem chegando a primavera. O inverno deste ano foi bem diferente, você não acha? Um tanto quente, uma agonia, um desepero vez enquando. Dizem que tem um ipê amarelo todo bonito em uma praça daqui, mas ainda não fui lá ver. Não sei o que tenho feito com o meu tempo... às vezes acho que tenho disperdiçado ele demais. Quase não saio mais como antes pra observar as pessoas, conhecer lugares novos, ouvir a orquestra tocar... tenho tocado pouco, pintado pouco, fotografado menos ainda. A única coisa que tenho feito em excesso, é ler. Alterno uns três livros por semana. Parei um pouco com Caio e Clarisse (embora sempre me depare com frases dos dois que relatam nos minimos detalhes cada momento meu), e tenho experimentado as palavras montadas por outros sentimentos e acredite: tenho me surpreendido muito. 

Acho que é isso sabe: a vida tem me surpreendido muito. Não sei explicar como mas ultimamente, tenho sido que só saudade. Dos amigos, das alegrias, das tardes de domingo, das conversas e de você. 
Porque a solidão pesa às vezes e as nossas escolhas, fazem com que a gente precise viver vez enquando, dentro do mais longo silêncio...
e apesar de tudo, eu não sinto rancor.
Só tenho observado crescer um amor enorme por mim mesma, aquele que você sempre disse que queria ver aumentar, lembra? eu tô seguindo teus conselhos, eu tô levinha hoje e desejo que essa leveza chegue aí, num sopro de vento, escancarando a tua janela.


Cuide-se sempre meu amigo.
Que em breve a gente se vê.
Com carinho,

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Quero mais! ♥

...

 
 
"Hoje é dia de esperar que o verde deste quase fim de inverno aqueça os parques gelados, as ruas vazias, as mentes exaustas de bad trips.
Hoje é dia de não tentar compreender absolutamente nada, não lançar âncoras para o futuro. Estamos encalhados sobre estas malas e tapetes com nossos vinte anos de amor desperdiçado..."

Caio Fernando Abreu

domingo, 14 de agosto de 2011

Hoje...

É triste não ter um pai por perto pra desejar feliz esse dia, mas é muito bonito ter a melhor mãe do mundo, poder olhar pra ela, agradecer por tudo e ter a certeza de que o amor existe...
Chorar a gente chora sim, que se há de fazer?
Sem saber dizer que era só saudade, eu olhei pra ela e disse que era amor...
E vai ver, até era mesmo...

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Délicatesse

Entendeu que era preciso muito mais que braços abertos e olhos atentos para viver um amor de verdade. Mas o mais importante ela tinha: a vontade de resistir ao tempo, às diferenças, às destemperanças, aos silêncios... E de tanto resistir (e acreditar), ela conseguiu fazer dos amores (que antes eram feitos só de meio dia) alguma coisa maior, inteira, repleta de planos que só tem sentido quando a gente para de procurar razão nas coisas e passa a senti-las, com o coração... e antes, aquilo que era meio, é agora uma felicidade gordinha e uma vontade imensa de que dure a vida inteira...

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Das cores no inverno...



... entretanto (ela gostava de dizer) a gente sempre acredita que as flores vão nascer além da primavera e mesmo que nem brotem, a gente cresce e aprende que todo julho em que o inverno deveria apenas gelar as cores, aparece sempre um tom meio rosado nos ipês e alguns pequenos botões nas rosas cuidadas com amor.
Porque o mais importante na vida é isso: cuidar das delicadezas e das belezas simples com amor... dedicar-lhes tempo, mesmo que a sobra dele, mas desde que seja verdadeiro, seja com o coração.
Ela não sabia, no entanto, que quando o tempo pesa demais, as pessoas grandes se esquecem de agradecer pelas oportunidades de sorrir e concentram-se apenas nos afazeres diários sem pensar que o tempo passa, que a vida passa e que tudo se esvai cuidadosamente por entre os dedos, sem a gente nem sequer notar...
E mesmo sem saber direito das coisas, querendo apenas um cantinho tranquilo para repousar tudo que de mais valioso a vida lhe dera, pediu então ajuda, que o coração já andava meio querendo desistir.
Aí, ela só ouviu o silêncio e ou lutava por tudo só, ou sentava na beira da vida, esperando o tempo passar, a dor acalmar, o pranto secar, até a esperança se cansar...

...

"(...)Não ando muito urgente ultimamente. Ando no meu tempo.
Depois de um tempo a gente descobre que a vida fica interessante mesmo quando a gente amadurece e chega perto de ser quem a gente quase é. Agora eu sossego a perna e dou um tempo pro tempo passar de mansinho. Agora eu ando aos sábados pela casa sem pressa de nada. Agora eu perco meu final de semana molhando a grama e penteando o pé de primavera. Agora eu penso em você, depois não penso mais porque volto a pensar novamente. Agora eu espero o trabalho dar certo, porque certas coisas não dependem da gente pra acontecer, elas são mesmo assim e não adianta ter pressa. Agora eu tenho um sorriso meio abafado e um jeito de dançar que quase tropeço. Desaprendi as palavras que são só palavras. Eu fico ali parada cheia de mundo em mim, um pouco cansada, um pouco nostálgica. Agora eu levanto antes. Agora eu levanto mais cedo, seguro a fé no peito bem forte, aperto a minha mão e me levo pra onde eu quiser."