terça-feira, 9 de março de 2010

Assim...

Eu tinha que continuar... mesmo que o mundo desabasse nos meus pés, que o céu ficasse cinza o ano todo e que o sol jurasse nunca mais aparecer. Eu precisava continuar mesmo que eu perdesse todas as pessoas que amo e percebesse que meus amigos nunca foram de verdade e que tudo que construí até hoje foi em vão.
Eu precisava continuar... mesmo que as folhas nunca mais caíssem no outono e nem as flores saíssem na primavera.
Eu precisava continuar mesmo que perdesse todas as minhas cores, todos os meus sonhos, todo meu tempo...
Eu precisava continuar mesmo que o violino fosse embora, que as lembranças doessem e a dor de alguém me doesse também.
Eu tinha que continuar mesmo que a saudade cortasse o coração transformando sorrisos em lágrimas.
Tinha que continuar mesmo que pra ficar muito triste por um tempo e pra chorar tanto até desidratar.
Precisava continuar... mesmo que não tivesse pra onde ir, mesmo que acordasse com preguiça de levantar, mesmo que você não viesse mais.
E eu continuei... porque ainda não tinha perdido minha família e porque o telefone tocou e a voz do outro lado me fez perceber que os melhores amigos do mundo são os poucos que tenho.
Continuei porque apesar de ter chovido, o sol apareceu à tarde, fez um baita calor e os ponteiros do relógio não pararam pra me esperar.
Continuei porque ainda podia sonhar e isso era suficiente.
Continuei porque ainda existia vento, porque a música ainda me dava vida e ainda vivia dentro de mim.
Continuei porque ainda tinha uma cafeteria pra ser minha, uma viagem as ruas de Paris, um medo de altura pra perder.
Continuei porque ainda não tinha voado, nem aprendido malabarismo, nem andado de montanha-russa com você...
Continuei porque precisava. Porque não dava mais pra parar.
Continuei porque você não me enviaria seus melhores sorrisos via Sedex. Então eu precisaria buscá-los onde quer que fosse.
Continuei porque ainda dava pra respirar. E se dava pra respirar, é porque ainda existia vida. E se existia vida, era pra viver...
Mesmo que aos trancos, aos barrancos, entre lágrimas, erros e acertos.
Continuei. Sem esperar nada demais. Sem me preocupar com o tempo...
Tinha uma pedra no coração. Na verdade, tem.
Nem sei quando ela vai sair de lá, mas sei que um dia vai.
E que cada passo vai valer cada dor e que cada dor vai valer cada lágrima.
E toda lágrima vai virar cristaizinhos furta-cor, pra recolorir.
Continuei. Porque ainda tinha tudo e tudo era suficiente pra me fazer feliz.
E ainda não vou parar. Porque ainda não acabou. Porque não tem cara de fim.

3 comentários:

Natália Oliveira disse...

é um dos textos que eu mais gostei aqui. quando li a parte do telefone, brotou uma lágrimazinha no canto do olho. lembrou também eu querendo ir pra rodoviaria te buscar, sem sequer vc estar lá. hahaha é sempre preciso seguir nossos caminhos, nossa sensibilidade vai nos fazer esbarrar em pedras sempre e algumas serão gigantescas, mas temos que aprender a derruba-las. as vezes não dá pra fazer isso sozinha, mas não se preocupe no caminho tem sempre alguém pra te ajudar e eu vou andando com vc, com uma mochila e um machado caso a gente precise quebrar algo ;) Vou tá sempre contigo, chica. =)

Maria disse...

e quando tiver cara de fim é só ir lá e desenhar uma cara de começo. =D

bons caminhos, moça.

beijos doces

B. disse...

te amo.